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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tá bom, Elisa. Eu paro!

Isso mesmo, me rendo e deixo de falar mal dela, coitada. Infeliz dela, a pobre da Rotina, tão mal tratada, sem ter culpa de nada, afinal, não pediu pra nascer e de repente todo mundo quer matá-la.
Comprei o livro pensando nos tantos poemas seus que já li acreditando que o livro de uma peça unido com poemas poderia ser ainda mais gostoso. 
Não me enganei!!!
Eu detesto livros de auto-ajuda, mas confesso que esse é uma ajuda, mas não é auto, é uma ajuda da Lucinda pra gente entender que a rotina é nosso filme e, se somos nós quem a escrevemos, dirigimos e atuamos, ela só será ruim se assim façamos com que seja. O protagonismo de nossas vidas, é, obviamente, nosso, portanto, ser aquela mocinha água com açúcar é Onus também nosso. São tantos detalhes pra arrumar, tantos personagens para amar, tanta gente pra dirigir, tantos coadjuvantes em cenas principais, tantos figurantes com falas, caras, bocas e corações.
Só te recrimino por uma coisa, Elisa: muitas vezes fui pega em flagrante rindo, no ônibus, na rua, em casa, em qualquer lugar que estivesse lendo. Impossível segurar aquele desenho lindo do riso em nossos lábios ao ler algumas passagens. do livro. Me deliciei, deliciei minha vida, meus olhos, meu dia-a-dia.
Minha rotina, aquela pobre coitada, sempre xingada (quem diria?!), está FINA!! Se encheu de detalhes da vida alheia, da vida do outro que a gente não presta atenção por que ignora... o outro, e consequentemente a vida.
Como é que pode, Lucinda me ensinar a importância de ser "inxirida" desde que tomar parte da vida do outro seja tomar parte da vida e não uma mera observação e intromissão mesquinha de julgamento e censura.
A leitura é uma delícia. Linguagem dinâmica, tudo muito rápido e caceteiro, direto ao ponto, sem delongas. É como conversar com uma amiga numa mesa de bar, entre uma cerveja e outra, aquela olhada ao redor, um comentário sobre alguém que passou ou que deveria ter passado. Aquele babado que aconteceu durante a semana e só deu pra contar no happy hour¹ de sexta.
Por tanto, Elisa, SÓ DE SACANAGEM, eu te admiro cada dia mais. Te recomendo, e rasgo seda, só de sacanagem e pra não sair da rotina.


¹Infeliz é o criador desse termo. A felicidade dele tem hora marcada. 

sábado, 15 de janeiro de 2011

Liberdade

O quarto aprisiona
Sufoca

Um grito que vem na garganta
Volta

Poucos suspiros

A vontade é de deitar na rua
Nua

Os raios da lua como cobertor

O edredom não cobre
Enforca


Até embala o sono
Mas dissipa sonhos
Grandes e flúidos
Desconfortáveis ao pouco pano

Aguardem!
Virão os cantos da liberdade
Nem que seja, aqui, subindo o Curuzú

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Transa

Ah, essa vontade de ficar nua
e essa vontade de ser sua

Devaneios de corpos negros
transando negras idéias

Pretos pensamentos
não se enxerga o fundo,
nem o raso
Só o que se ventila ao acaso

Mentalidades escuras,
jamais turvas
sempre lúcidas,
pontuais
mestras
Ah, se minha cabeça transasse com a sua
Não seríamos corpos e sim lindos versos de betume
A revolução malê com nossas assinaturas